quarta-feira, 5 de outubro de 2011

José Sarney

Apesar da frustração causada pela manutenção das eleições indiretas, o Brasil encerrou o regime militar centrando suas expectativas na chegada do civil Tancredo Neves ao posto presidencial. Contudo, no dia 15 de março de 1989, os noticiários informaram que o próximo presidente precisou ser internado às pressas no hospital de Brasília. Em seu lugar, o vice-presidente José Sarney subiu a rampa do planalto e recebeu a faixa presidencial. No dia 21 de abril, a morte de Tancredo Neves impôs a heroicização deste político na condição de mártir da democracia brasileira.

A chegada de José Sarney esteve cercada por fortes desconfianças. Isso porque Sarney integrava uma tradicional ala de políticos nordestinos que colaboraram com o regime militar, e que, posteriormente, se filiaram a partidos de tendência mais conservadora. Nos redutos da oposição política, bordões como: “O povo não esquece, Sarney é PDS” e “Sarney não dá, diretas já”, mostravam que o novo presidente teria uma difícil missão ao tentar reconstruir o pacto democrático da combalida nação brasileira.
Com relação ao projeto de redemocratização, podemos apontar que o governo Sarney alcançou uma expressiva vitória com a aprovação da Constituição de 1988. Apesar de sua extensão e detalhismo, a nova Carta Magna do país conseguiu varrer diversos mecanismos que sustentaram o regime autoritário. O fim da censura, a livre organização partidária, o retorno das eleições diretas e a divisão dos poderes, são apenas algumas das conquistas que pontuaram tal evento. Do ponto de vista formal, o país finalmente abandonava as chagas do período ditatorial.
Se a Constituição representou uma vitória importante no campo político, não podemos dizer o mesmo quando observamos a atuação do governo Sarney na esfera econômica. Inicialmente, tivemos uma grande euforia alimentada pela implementação do Plano Cruzado. Valendo-se do tabelamento de preços, o plano conseguiu realizar uma tímida distribuição de renda e promoveu o aumento do consumo da população. No entanto, a euforia foi seguida de uma pane no setor de produção e da falta de produtos de primeira necessidade.
Ao longo do governo, outros planos (Plano Bresser e Plano Verão) tentaram realizar outras manobras de recuperação da economia brasileira. Contudo, tais ações não conseguiram frear os índices inflacionários exorbitantes que assaltavam o salário de grande parte dos trabalhadores brasileiros. Dessa forma, as eleições de 1989 entraram em cena com a expectativa da escolha de um candidato eleito pelo voto direto, que pudesse resolver as tensões econômicas e sociais que tomavam os quatro cantos do país.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

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