No Brasil a inversão de valores é exorbitante.
Um preso federal custa aos cofres da nação o triplo do valor gasto com um aluno
do ensino superior. Um preso estadual custa aos cofres do estado quase nove
vezes o que o governo gasta com um estudante do ensino médio.
Nos rincões remotos do Norte e Nordeste, longe
das câmaras das televisões do nosso país, onde a situação dos presídios é pior,
é mais devastadora. Mesmo assim, o Estado gasta mais de R$ 40 mil anualmente com
cada preso em presídio federal. E R$ 21 mil com cada preso em presídio estadual.
Esses números estão no relatório do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN)
de 2010.
E o que mais chama atenção, é a existência de
carência de recursos tanto nas escolas com nos presídios. Este quadro
depreciativo, esta inversão de valores, onde um preso custa aos cofres dos
Estados e da Nação mais do que um aluno do ensino médio ou do ensino superior,
mostra e denuncia a negligência, a falta de compromisso e o descaso dos nossos
governantes com o saber, com o conhecimento e com a educação brasileira.
Observando os níveis de escolaridade dos
417.112 presos brasileiros, mais da metade, (254.177) é analfabeta ou não
completou o ensino fundamental. Somente 1.715 presos têm nível superior, ou
seja, concluíram faculdade. Esta equação:-EDUCAÇÃO= +CRIMINALIDADE tem que ser
resolvida,equacionada.Outra equação tem que ser utilizada,priorizada pelos
nossos governantes: + EDUCAÇÃO = - CRIMINALIDADE + SAÚDE + SEGURANÇA + ESCOLAS -
PRESÍDIOS.
Ao verificarmos, ao observarmos os presídios
brasileiros podemos comparar a um circo dos horrores, sentimos vergonha e
piedade ao vermos senas de mãos saindo pelas grades. Deparamos com seres humanos
empilhados, espremidos, humilhados, seminus, um verdadeiro atentado aos Direitos
Humanos.
Ao verificarmos as escolas brasileiras
observamos que elas estão ultrapassadas, sucateadas , desatualizadas,com salas
de aula superlotadas , faltando recursos técnico-pedagógicos e com um quadro de
professores temporário,terceirizado . E os seus trabalhadores, professores e
funcionários ainda continuam desvalorizados salarialmente e profissionalmente.
Muitas vezes, estes profissionais da educação têm que recorrerem a longas greves
para garantir os seus direitos trabalhistas, evitando a usurpação dos mesmos
pelos governantes. É preciso urgentemente pagar O Piso Salarial Real dos
Professores e fazer concurso para suprir as carências do magistério , só deste
modo conseguiremos reverter este quadro de desvalorização salarial e
profissional dos trabalhadores da educação do Brasil.
Com estes dados estarrecedores concluímos que
no Brasil existem dois mundos, o das escolas e o das prisões, mundos esses que
estão intimamente interligados, pois menos educação menos escolas, mais
marginalidade, mais presídios.
Os presídios são um retrato fiel, autêntico da
nossa sociedade. Do lado de fora dos presídios, estão aqueles que pouco tem
acesso ao conhecimento, a universidade e a educação de qualidade. Do lado de
fora dos presídios estão também à criançada brasileira que não sabe escrever nem
o seu próprio nome, sem cometer crime algum, estas crianças estão condenadas à
marginalidade da prisão perpétua da ignorância. Também estão do lado de fora dos
presídios os criminosos ricos e influentes, corruptos que podem pagar bons
advogados para livrá-los da malha da Justiça.
Os últimos dados do IBGE, do Censo 2010,mostram que 6,52% de nossas crianças com 10 anos de idade são analfabetas.Hoje no Brasil existem 14 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever.
Enquanto o nosso país ocupa o 6º lugar no
ranking das maiores economias do planeta, com um PIB perca pita que nos
classifica na 47ª posição no ranking mundial o nosso Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) nos lega a 84ª posição.
No ranking da ONU sobre a qualidade de ensino,
o Brasil ocupa o 88° lugar, ficando atrás de países com Bolívia e Equador. Como
vemos a educação universalizada ainda é de péssimo nível.
É preciso que o Brasil amadureça e passe a
investir maciçamente em suas crianças, em seus estudantes e em seus professores
para um dia, talvez, reduzir a superlotação dos seus presídios. Sabemos que
educação não é uma fórmula mágica e nem uma varinha de condão, que tudo vai
resolver num toque de mágica. É preciso de tempo para recuperar este descaso e
este estrago que fizeram com a educação e com os educadores brasileiros.
O Brasil só deixará de ser este país de extrema
pobreza, pobre em desenvolvimento humano e de alta criminalidade se priorizar a
educação em todas as suas necessidades. É preciso urgentemente investir,
canalizar recursos para salvar a educação brasileira. É preciso fazer que estes
recursos cheguem aos professores. Não podemos deixar que os recursos da educação
se escoem pelos ralos da corrupção e do descompasso das más administrações
públicas municipais e estaduais.
O Brasil não pode continuar negligenciando o conhecimento, a educação, a saúde e a segurança pública.
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