“Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te ensombre o coração. Eles não morreram. Estão vivos. (...) Pensa neles com a saudade convertida em oração. As tuas preces de amor representam acordes de esperança e devotamento despertando-os para visões mais altas na vida.” ( Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier)
A morte prematura de um filho sempre causa, além de sofrimento aos pais, muita inconformação e perplexidade. Na verdade, a desencarnação em tenra idade ou na fase de adolescência e juventude sempre é motivo de comoção e tristeza para todos. Mesmo que alguém tente explicar as várias razões para tal acontecimento, sempre fica no ar aquele sentimento de incompreensão e impotência.
Para os pais a pergunta inevitável é Por que? São comuns as indagações: Por que, meu Deus, isso aconteceu? Por que meu filho foi embora tão cedo se ele tinha ainda uma vida inteira para viver? Que fiz para merecer tanto sofrimento? A resposta para as perguntas que tanto os angustiam faz-lhes, não raras vezes, modificar seus conceitos de vida e morte, levando-os a refletirem na justiça de Deus e a procurar entender seus desígnios.
O sofrimento pela perda de um filho é uma das dores mais profundas que se pode ter. Mas é nessas horas de dor que as razões para a perda prematura os fazem meditar no sentido maior da vida, levando-os a profundos questionamentos sobre a Justiça Divina. Não se pode acreditar na Justiça Divina, com o pensamento de que, em relação a nós, houve injustiça pela morte prematura de um filho. Por que, dentre tantos, justo comigo? A reflexão que se deve fazer de tal Justiça é que ela é igual para todos, sem exceção nem favoritismos. Baseando-se nestas reflexões é que constatamos que, se a justiça alcança a todos indistintamente, não pode estar errada em relação a nós.
Então, precisamos encarar as perdas de forma natural, mesmo que venha a ocorrer prematuramente. Se a procura por respostas não abranger a visão espiritual sobre a vida e a morte nunca se poderá chegar verdadeiramente a uma razão convincente para a perda do ente querido. Precisamos entender que somos Espíritos imortais ocupando temporariamente um corpo físico e aqui estamos para cumprir uma etapa de nosso aprimoramento espiritual. Nossa programação de vida abrange o meio onde reencarnamos, as dificuldades, obstáculos e compensações que teremos, assim como o gênero de morte e a idade que retornaremos ao plano espiritual.
Tudo está inserido em nosso roteiro de vida, com o intuito primordial de nos proporcionar o melhor em termos de evolução espiritual e não para nos causar sofrimentos em vão. Os motivos para as desencarnações prematuras são vários, mas nunca contradizem a justiça divina. Elas podem ocorrer, visando a necessidade do Espírito desencarnado ou com o objetivo de levar à transformação moral ou deixar algum aprendizado aos pais, fazendo-os refletirem no propósito maior da vida e acordarem de suas visões materialistas.
O regresso antecipado pode se dá no caso de suicídio, que tanto pode ser direto, como é o caso das pessoas que tiram a própria vida e que renascem para viverem até chegar o limite de completar os anos que teriam de viver em existência passada. e suicídio Indireto, quando, por todo tipo de excessos , como descontrole exagerado de emoções, irresponsabilidade com a saúde física e mental, entregam-se aos desregramentos, atraindo para si situações fora de suas programações de vida e que poderão lhes acarretar o retorno antecipado ao plano espiritual
Mas nem sempre o Espírito que retorna prematuramente é um Espírito que aqui veio resgatar algo ou complementar alguma encarnação que não soube valorizar. Pode acontecer de ser um Espírito missionário que renasceu por breve tempo para cumprir alguma tarefa importante, como a de fazer com que Espíritos queridos acordem para a realidade eterna e iniciem sua transformação moral.
Para os pais que passam tais provas, a causa para o sofrimento atual pode estar baseada também em várias razões, como influência negativa sobre outro ser em outras vidas, levando-o à prática de delitos e lançando-o ao sofrimento decorrentes desses atos. Pode acontecer também de não terem valorizado o sublime dom da maternidade e paternidade em existências passadas, tendo que aprender, pelo retorno prematuro do ser a quem deram vida, a respeitarem o que antes não souberam dar valor.
Allan Kardec, na questão 199 de O Livro dos Espíritos, indaga qual a razão de tão freqüentemente a vida se interromper na infância, e os Espíritos lhe respondem: “A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que deveria terminar, e sua morte, também não raro, constitui provação ou expiação para os pais.” Daí concluímos que a justiça divina trabalha sempre a nosso favor, até em situações de sofrimentos e perdas.
Mesmo que tenhamos nosso roteiro de vida e um tempo determinado para viver como encarnado, o livre arbítrio sobre o tipo de vida que escolhemos viver é que definirá se alcançaremos o tempo predestinado em nosso roteiro de vida ou se regressaremos antecipadamente à espiritualidade. Há sempre uma razão de ser para os acontecimentos que não conseguimos compreender. É de vital importância as palavras de Jesus, quando nos fala: “uma folha não se move que não seja com o consentimento do Pai.”
A morte em qualquer fase da vida é sempre conseqüência de uma lei natural que atinge a todos indistintamente. Não existem favoritismos nas leis divinas. É muito importante procurar o apoio na prece e tentar aceitar os desígnios divinos sem revoltas. A dor e o sofrimento com a partida prematura é natural, mas é preciso tentar não se desestruturar emocionalmente, entrando em desespero e com tal atitude, prejudicar a si mesmo e ao ser querido no plano espiritual.
Assim, mesmo que você esteja atravessando um período difícil de dor e desespero com a partida prematura de um filho querido, não esqueça que a vida continua e que ele estará, seja no plano espiritual ou material, evoluindo, e que os dois planos de vida interagem sempre, dando-nos a certeza de que a vida prossegue célere, seja em que plano estivermos. Se a saudade for difícil de suportar, que tal procurar aliviá-la dedicando a outras pessoas, em especial aquelas carentes de afeto, um pouco de atenção e carinho? O amor ao próximo pode transformar a dor numa saudade mais amena, e seus corações serão preenchidos pela certeza de que um dia os encontrarão novamente para novas realizações.
"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras."
Reinhold Niebuhr
Paz e Luz a todos.
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