Vamos falar sério?
Vamos debater?
Teremos mais comentários do que num post sobre o BBB12 ou Michel Teló?
Parte da mídia fala muito e esclarece pouco. Há um ódio explícito ao CPERS e quase desprezo pelo magistério.
A carreira dos professores do Estado do Rio Grande do Sul está estruturada em seis classes (A-F) e seis níveis (N1 a N6) em cada um delas. Quem chega ao topo do topo é F6. Todo mundo entra como A1.
Em 2009, tínhamos 74.869 professores na ativa, sendo que 40.189 estavam na classe A, a inicial (básico, pelos valores de hoje, entre R$ 395,54 e 791,08 para 20 horas). Na época, 82% do magistério estava nos níveis 5 e 6, predominando, como já foi dito, a classe A (básico hoje nos níveis dessa maior aglomeração de R$ 731,75 a 791,08).
Fala-se em 20 horas porque se faz concurso para isso. Depois, em geral, com uma segunda matrícula se chega a 40 horas. Avança-se do nível 1 ao 6 de cada classe por formação. O N1 é para quem tem ensino médio. N6 é para quem tem pós-graduação.
Ter pós-graduação significa estudar, aumentar a qualidade, não ficar estagnado.
Avança-se de uma classe para outra por merecimento ou antiguidade se houver vagas, com 10% de aumento de uma classe para outra. Durante anos, não houve progressão. O governador Tarso Genro promoveu recentemente mais de nove mil professores, desbloqueando um gargalo entupido.
Em 2009, havia 15.395 docentes na classe B, 11.382 na classe C, 5.815 na classe D, 1542 na classe E, com míseros 546 nos seis níveis da Classe F. Quantos seriam F6 (básico de 40 horas de R$ 2.373,24)? Uma centena? Uma dezena?
Não há marajás no magistério. A maioria esmagadora continua nos níveis 5 e 6 das classes A e B.
Há muitos “penduricalhos”? As gratificações são: gratificação de difícil acesso, gratificação de direção e vice-direção, de Classe Especial, de unidocência e de risco de vida. Para a maioria, em sala de aula, é difícil acesso e risco de vida.
A unidocência só aplica a A1. O difícil acesso pode aumentar a remuneração de 20 a 100%, mas isso incide sobre uma parcela mínima das escolas e professores, pois para ter 100% é preciso que o estabelecimento se encontre longe de tudo mesmo e o professor possa não voltar vivo.
Um exemplo: em Guaíba e Eldorado existem 18 escolas estaduais. Apenas uma paga 80% por difícil acesso.
O Plano de Carreira do Magistério, que alguns tecnocratas decidiram chamar de atrasado ou anacrônico por estratégia política ou maldade, é o que, mal ou bem, impede que todos os professores ganhem salários de indigentes.
O governo pode dizer: tudo bem, mas não temos dinheiro para pagar. Volta a questão: por que não?
Juízes, deputados, promotores, ascensoristas da Assembleia Legislativa, todo mundo ganha mais do que a maioria dos professores. São mais importantes socialmente? Por que um juiz seria mais importante do que um professor?
A verdade é que, por serem os professores mais numerosos, tem-se pedido a eles que se sacrifiquem, sem contar que há implicitamente um desdém por professores de ensino fundamental e médio, algo como “qualquer um pode ser”, “é fácil”, “exige conhecimentos limitados”, esse imaginário da ignorância arrogante.
Os professores ganham mal, mesmo os que ganham melhor. Pagar o piso sem mexer no Plano de Carreira é uma forma de revalorizar a profissão. Certo mesmo seria mexer no Plano de Carreira para que mais docentes pudessem aceder rapidamente às classes superiores. O CPERS está de parabéns por não se comportar como correia de partido.
Quem conhece, de fato, um contraque de professor do Estado do RS?
Fonte: Correio do Povo
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