quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Enganar os alunos mais fracos, obrigando os professores a despachá-los para cima não é solução

Como é possível aparecerem nos centros de formação profissional pessoas com o 9º ano que não sabem ler? A partir daqui pouco há a fazer. Por um lado o período em que os neurónios estão 'tenros' já foi. Por outro são pessoas que nunca provaram o gozo de saber algo para além de futebol, mulheres, smartphones, roupa desportiva de marca, etc. A vida deles orbita esse mundo. Eu percebo que há gente muito pobre cujas perspectivas são baixíssimas. Mas porque carga de água há-de a escola pactuar com esse estado de coisas? Entra-se na escola, entra-se noutro mundo. Pode haver algum sururu mas os primeiros dois anos de escola são fundamentais e é nesse período que se 'explica' aos pimpolhos que o mundo lá de fora ficou lá fora. Meter o lá fora na sala de aula é mortal para a escola, para a aula e para todos os alunos inclusive para aqueles que são a semente do problema.
Depois há o caso dos que são pouco inteligentes ou pouco esforçados. A natureza é tramada: há crianças com neurónios fraquinhos. Ou porque (não) herdaram dos pais, dos avós, da pinga, da droga, dos maus tratos, desleixo, o que quisermos. Mas, infelizmente pouco se pode fazer por essas crianças para além de as tentar equipar com competências que lhes permitam aprender um ofício, colocando-as numa via de ensino que esteja ao alcance delas.
Se um aluno não sabe tem que chumbar. Seja no 1º ano, seja no 2º, tem que chumbar. Não é com sociologias que ele passa a saber. As sociologias são um rastilho que se propaga aos outros alunos. A melhor coisa que se pode fazer com eles é não os colocar em turmas com os alunos que aprendem com rapidez e gostam do desafio de estudar.
Por um lado não se quer "traumatizar" a criança mas por outro pespega-se-lhe à frente dos olhos, diariamente, que os restantes são melhores que ele. Se um aluno não 'dá', não 'dá'. Tem que ser encaminhado para uma alternativa ao nível dele, onde possa ser útil em primeiro lugar a si próprio, se sobrar para a sociedade pois tanto melhor. Mas, atenção, o que quer que ele venha a conseguir em termos de grau académico não se poderá nunca confundir com o caminho regular. Que haja 'pontes' para que ele, se posteriormente atinar, seja sujeito a provas e reentre no caminho regular. Mas não se pode deixar que haja confusão entre vias académicas, sejam curtas ou compridas. Quem mais beneficia com a existência de várias vias são os alunos mais fracos. De outra forma não faltarão espertalhões (alunos, pais, psicólogos, sociólogos e assistentes sociais), a "encaminhar" vítimas para o caminho errado.
O ensino profissional não pode ser o caixote de lixo dos desvios sociológicos do próprio sistema. O ensino profissional deve ser percorrido por aqueles que estão à altura de cada um dos muitos ramos do ensino profissional. Nalguns casos o ensino profissional terá que começar algures no 5º ou 6º ano de escolaridade. Outras vezes, depois do 7º ano de escolaridade. O aluno não consegue aprender a ler? Não gosta de estudar? É incapaz de aprender matemática? Terá que ter uma saída. Mas que sirva para ele. Arrastá-lo anos e anos em aulas que nunca percebe, 'obrigando' professores a 'despachá-lo para cima' porque não podem remetê-lo para trás não vale a pena. Não serve a ninguém muito menos ao próprio aluno.
Professor Ramiro Marques

Um comentário:

Anônimo disse...

eai cade o comentario nao vi hahahahhahaahahaahahaahahabjs amory