Quando se fala em vencedor, logo vem a imagem de alguém muito competitivo, sem ética e invariavelmente solitário.
Na verdade, vencedor é a pessoa que consegue realizar os seus objetivos. Mais do que vencer os outros, ele vence as suas próprias fraquezas, inseguranças e inabilidades.
O vencedor sabe que a derrota é uma possibilidade e se prepara adequadamente para que ela não aconteça. Apesar disso, concentra sua atenção em atingir seus objetivos, e não em evitar as derrotas.
A postura diante da possibilidade da derrota é um dos principais aspectos que diferenciam um vencedor de um perdedor.
Perante a derrota, o perdedor tem duas atitudes básicas: o menosprezo e o pessimismo.
O perdedor que menospreza a hipótese da derrota dá pouca importância ao adversário e não tem consciência de suas limitações. Por isso, freqüentemente é pego de surpresa.
A segunda atitude é o pessimismo. Nesse caso, a pessoa pensa que nasceu marcada para perder. Entra nas disputas já preparando uma desculpa para a derrota. No campo profissional, costuma aceitar os desafios de má-vontade, com o único propósito de provar, ao final, que tudo ia dar errado.
Como o perdedor não acredita em si, nem em sua capacidade de realizar, tenta manipular os outros para que eles se sintam obrigados a assumir suas próprias responsabilidades.
Vive como um pedinte. Pede amor, compreensão, piedade e, quando não recebe, pensa que os outros são injustos ao negarem o que ele queria.
O perdedor se satisfaz em apenas começar uma tarefa.
Se ele telefona para alguém e está ocupado, não liga novamente. Não procura na lista telefônica um número alternativo, não busca um outro meio de realizar a tarefa que não dependa daquele telefonema.
Está muito mais preocupado em explicar por que ele não consegue fazer do que em completar seu trabalho.
Mantém uma estrutura perdedora à sua volta. As pessoas a quem ele se associa, sua casa, tudo cheira a fracasso. É desorganizado e sem método.
O perdedor nunca dá mais do que lhe pedem. Prefere fazer menos, porque ganha pouco, do que fazer muito para merecer mais.
O perdedor é um especialista em problemas. Cultiva, rega e colhe problemas. Entra na sala do chefe e sente um prazer quase físico ao vê-lo se descabelar com aquele problema novinho em folha.
Não se importando com o resultado de seu trabalho, o perdedor espera apenas que o expediente termine, que o dia termine, que a vida termine.
Sua única conquista será a aposentadoria, que virá por si própria, faça ele o que fizer.
Já o vencedor sabe que não conseguir algo faz parte das possibilidades da vida.
Se você prestar atenção, notará que aproximadamente 20% das coisas que faz não dão o resultado esperado. Você telefona e a pessoa não está. Procura um livro e não encontra. O vencedor sabe que, se as coisas não derem certo, isso faz parte do jogo. Não se revolta como uma criança só porque convidou um cliente para almoçar e ele recusou. Simplesmente pensa na melhor maneira de convidá-lo novamente.
Quando não consegue realizar seus objetivos, em vez de ficar se torturando e se culpando, procura refletir sobre suas condutas para aprender a crescer.
Ele sabe o que quer, procura não se distrair, sabe dar tempo para as suas realizações. Quando se sente capaz de conquistar um emprego ou um cargo melhor, jamais fixa o pensamento de que "isso não é para mim". Em vez disso, pergunta a si mesmo: "O que preciso fazer para consegui-lo?"
O vencedor não gasta seu tempo com crises existenciais inúteis. Se pretende ser um pintor, sabe que precisa estudar, dedicar-se, terminar os trabalhos para sua primeira exposição individual. Não fica antecipando as críticas nem se deixa paralisar pela hipótese de não gostarem de seus quadros.
Vencedor tem o coração aberto e apaixonado. Aliás, se faz muito tempo que você não se apaixona, seja por alguém ou pelo trabalho, encare essa falta de envolvimento como uma doença grave. Pode ser que a paixão produza alguns ferimentos e escoriações, mas ainda é uma das maneiras mais sublimes de se sentir vivo.
O vencedor tem um prazer constante em aprimorar-se. Para ele, aprender algo novo sempre é motivo de fascínio. Quer descobrir o que há do outro lado da montanha.
Sabe agradecer. Agradece não só às pessoas que lhe deram a mão na subida, mas também àquelas que lhe criaram obstáculos, pois sabe que os empecilhos são grandes professores. Assim como as árvores têm as raízes mais profundas, as dificuldades servem para moldar o vencedor. Como aqueles pesos com que as jogadoras de vôlei treinam, para quando chegar a hora do jogo conseguirem saltar mais alto. E, no momento em que consegue atingir o seu objetivo, não se sente vitorioso apenas por ter vencido seus companheiros, mas por poder mostrar ao mundo que o ser humano sempre encontra um jeito de superar os seus limites.
Cada vez mais as pessoas se dão conta de que a palavra vencedor não é um privilégio atribuído a um grupo restrito de "iluminados". Hoje, muitos brasileiros, famosos ou anônimos, já estão acordando para o fato de que visão, determinação, humildade, vontade de aprender e capacidade de se apaixonar são as melhores estratégias para driblar a concorrência, seja ela profissional ou afetiva, e assim conquistar vitórias duradouras.
* Roberto Shinyashiki é escritor, consultor e presidente do Instituto Gente.
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