segunda-feira, 29 de outubro de 2012



Religiões Afro e Espiritismo: uma confusão freqüente
O Jornal Extra de 20 de fevereiro de 2000 publicou em primeira página a seguinte matéria: “Espíritas benzem a Linha Amarela”.
O Jornal O Dia de 02 de abril de 2000 também publicou em primeira página: “Rio esotérico atrai turistas. Os turistas australianos pagam R$ 5 mil por tour que inclui passe de Exu Veludo em centro espíritana usina”.
Novamente o Jornal Extra de 23 de maio de 2000 publicou em primeira página: “Espíritas ouvidos pelo EXTRA disseram que o baixinho (Romário) foi vítima de olho grande. Jair de Ogum, um dos mais famosos pais-de-santo do Rio, é taxativo: Ele (Romário) também tem culpa nisso, porque renegou o Espiritismo”.
Ora, meus amigos, depois de tudo isso podemos concluir um fato: nossos jornalistas desconhecem por completo o assunto religião, principalmente, quando se referem às religiões Afro e ao Espiritismo.
Vale a pena lembrar que o Espiritismo surgiu na França, a partir da publicação de “O livro dos Espíritos” em 18 de abril de 1857, sem nenhuma ligação com qualquer culto de origem africana. Além disso, o Espiritismo não possui nenhuma forma de culto material, nem adota nenhuma espécie de ritual, tais como: oferendas em encruzilhadas, danças, batuques, riscadura de pontos, fumo, etc. Tudo isso são com coisas absolutamente estranhas ao Espiritismo, este que não possui nenhuma forma de culto exterior.
Já as religiões Afro-brasileiras tiveram seu início no século XVI com a vinda dos escravos africanos para o Brasil colonial. A Umbanda, particularmente, sofreu forte sincretismo com o Catolicismo. Isso aconteceu, porque os escravos foram obrigados a trocarem suas Entidades cultuadas na África pelos Santos da Igreja Católica. Por isso, é que nos Centros Umbandista, as imagens de São Jorge são cultuadas como Ogum, as de São Sebastião como Oxossi, e por aí adiante...
Entretanto, não são somente os nossos jornalistas que fazem confusão entre o Espiritismo e as Religiões Afro. Os próprios umbandistas e candomblecistas também o fazem. Esses nossos irmãos se autoclassificam como “espírita-umbandista” ou “espírita-candomblecista”. Isto é o mesmo que dizer: sou “católico-protestante” ou sou “judeu-cristão”. Espiritismo é Espiritismo, Umbanda é Umbanda, Candomblé é Candomblé, Protestantismo é Protestantismo, Catolicismo é Catolicismo, Judaísmo é Judaísmo. As religiões Afro-brasileiras são respeitáveis, sim. Mas não são Espiritismo conforme aprendemos nos livros de Allan Kardec. É importante ressaltar que o nosso objetivo é esclarecer conceitos. Sabemos que o Espiritismo é ecumênico por excelência, não estamos enaltecendo a Doutrina Espírita, nem denegrindo a imagem de nossos irmãos umbandistas e candomblecistas. Deus na Sua infinita bondade e misericórdia permite as diversas religiões, pois sabe que diversos são os graus de entendimento humano. Dá-nos, desta forma, a oportunidade de encontrarmos aquela que esteja de acordo com o nosso grau evolutivo. Repetimos para deixar bem claro, o nosso objetivo é esclarecer conceitos.
Os nossos irmãos espíritas também possuem uma parcela de culpa nesta confusão que fazem em torno da Doutrina. Quem nunca ouviu até mesmo dentro do Centro Espírita, o termo “espírita-kardecista”? Kardec não fundou Doutrina alguma. A Doutrina é dos Espíritos, por isso, o termo Espiritismo. Portanto, quando se diz “espírita-kardecista”, logo vem a pergunta: existe o “espírita-não kardecista”? Ora, meus irmãos, dizer por aí: sou “espírita-kardecista” é o mesmo que dizer “estou subindo para cima” ou “entrando para dentro”. É um pleonasmo desnecessário. O Espiritismo não possui ramificações. Portanto, não existe “alto” ou “baixo” Espiritismo, Espiritismo “elevado”, Espiritismo de mesa; muito menos, o termo “kardecismo”. Sabemos que muitos espíritas falam desta forma para não serem confundidos com outras Doutrinas. Porém, esquecem-se que para o leigo se existe um “Espiritismo-kardecista”, deve também existir um “Espiritismo-não kardecista”, talvez um “Espiritismo-umbandista” ou um “Espiritismo-candomblecista”, quando sabemos que o Espiritismo é um só: o codificado por Allan Kardec.
Dessa forma, meus amigos espíritas, quando indagados por alguém sobre sua religião ou filosofia, digam por favor: sou espírita! E se esta pessoa esboçar qualquer dúvida, você está com a chance de esclarecê-la e estará colaborando para a divulgação do único Espiritismo: o dos Espíritos Superiores que foi codificado por Allan Kardec.
Autor: Anderson Luiz da Silva Membro da União Espírita Beneficente Jesus, Maria e José.

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