sábado, 6 de outubro de 2012

DIÁRIO DE UM CACHORRO
1ª semana.
Hoje faz uma semana que nasci. Que alegria ter chegado a esse mundo!!!
1º mês.
Minha mamãe cuida muito bem de mim. E uma mãe exemplar.
2º meses.
Hoje me separaram da mamãe. Ela estava muito inquieta e com seus olhos me disse adeus como esperando que minha nova "família humana" cuidasse bem de mim, como ela havia feito.
4º meses.
Cresci muito rápido, tudo chama a minha atenção. Ha varias crianças na casa que são como meus "irmãozinhos". Somos muito levados, eles me jogam ma bola e eu os mordo jogando.
5º meses.
Hoje me castigaram, minha dona se zangou porque fiz "pipi" dentro da casa... mas nunca me disseram onde eu deveria fazer. E como eu durmo na "área"
(deve ser um lugar fechado) e! eu não me agüentei!
6º meses.
Sou um cão feliz. Tenho o calor de um lar, sinto-me seguro e protegido...Creio que minha família humana me ama muito... Quando estão comendo me convidam, o pátio e somente para mim e eu estou sempre cavoucando, como os meus antepassados lobos, quando escondiam a comida.
Nunca me educam, seguramente porque nada faço de errado.
12º meses.
Hoje completei um ano. Sou um cão adulto e meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulhosos devem estar de mim!
13º meses.
Como me senti mal hoje... Meu "irmãozinho" tirou a minha bola. Como nunca pego seus brinquedos fui atras dele e o mordi. Mas como meus dentes estão muito fortes, machuquei-o sem querer. Depois do susto me prenderam e quase não posso me mover para tomar um pouco de sol. Dizem que sou ingrato e que vão me deixar em observação (certamente não vacinaram)...não entendo nada do que esta acontecendo.
15º meses.
Tudo mudou... vivo preso no pátio... na corrente... me sinto muito só... minha
família já não me quer. As vezes esquecem que tenho fome e sede e quando
chove não tenho teto que me cubra...
16º meses.
Hoje me tiraram da corrente. Pensei que tinham me perdoado... Fiquei tão
contente que dava saltos de alegria e meu rabo parecia um molinete...
Parece que vou passear com eles.
Subimos no carro, atrelamos o carreto e andamos um grande trecho quando
pararam.
Abriram a porta e eu desci correndo, feliz, crendo que era dia de passeio no
campo. Não entendo porque fecharam a porta e se foram...
"Esperem!!!" - lati..."esqueceram de mim...!!!".Corri atras do carro com todas as minhas forcas... minha angustia aumentou ao perceber que o carro se afastava e eles não paravam.
Tinham me abandonado...
17º meses.
Procurei, em vão, achar o caminho de volta para casa. Sento-me no caminho, estou perdido e algumas pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algo de comer... Eu agradeço com um olhar do fundo de minha alma... quisera que me adotassem, eu seria leal como ninguém. Porem eles apenas dizem:
"pobre cãozinho, deve estar perdido".
18º meses.
Outro dia passei por uma escola e vi muitas crianças e jovens como meus "irmãozinhos". Cheguei perto e um grupo deles, dando risadas, atirou-me uma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria"... uma dessas pedras atingiu um dos meus olhos e desde então não enxergo com ele.
19º meses.
Parece mentira mas quando eu estava mais bonito as pessoas se compadeciam mais de mim... Agora que estou muito fraco, com um aspecto bem mudado...
perdi meu olho, as pessoas me tratam a pontapés quando pretendo deitar-me na sombra...
20º meses.
Quase não posso me mover. Hoje, ao atravessar a rua por onde passam os carros, um deles me atropelou. Pelo que sei, estava num lugar seguro chamado "sarjeta", mas nunca vou me esquecer do olhar de satisfação do motorista ("que hasta se lades com tal de centrame" *). Oxalá tivesse me matado... porem só me deslocou
a cadeira. A dor e terrível, minhas patas traseiras não me respondem e com dificuldade me arrastei até uma moita de ervas fora da estrada...
Já faz 10 dias que estou em baixo de sol, chuva e frio, sem comer.
Não posso me mover, a dor e insuportável. Sinto-me muito mal, estou num lugar úmido e parece que meu pelo esta caindo. Algumas pessoas passam e não me vêem; outras dizem: "não te aproximes".
Ja estou quase inconsciente, porem uma forca estranha me fez abrir os olhos.
A doçura de sua voz me fez reagir. "Pobre cãozinho, veja como te deixaram", dizia... junto a ela estava um senhor de roupa branca que começou a tocar-me e disse: "Sinto muito senhora, mas esse cão já não tem remédio, o melhor e que deixe de sofrer."
A gentil dama consentiu, com os olhos cheios de lágrimas.
Como pude, mexi o rabo e olhei para ela agradecendo por me ajudar a descansar...
Senti somente a picada da injeção e dormi para sempre, pensando em porque nasci, se ninguém me queria...
A solução não e deixar um cachorro na rua, mas sim educa-lo. Não converta em problema uma grata companhia. Ajude a despertar as consciências para acabar com o problema dos cães de rua.
Envie este texto a todos que puder, ele foi enviado por um veterinário que trabalha num Centro de Controle de Zoonoses e sente a realidade deste "conto" diariamente.

2 comentários:

Zilda Costa disse...

Ahh, fiquei muito emocionada, adoro animais e jamais tomaria uma atitude dessas. Que todos tomem consciência de que os animais são como os humanos, precisam também ser educados! Obrigada , querida amiga ,por postar um texto tão interessante que certamente será item de muita reflexão. Bjs!

Professora Enecí disse...

Obrigada Zilda pela visita.Fico muito feliz com a sua presença aqui no blog e seus comentários.Volte sempre.
Beijos