Escrito por Gustavo Mormesso de Abreu |
Olá! Como vai o seu coração?
Gostaria de aproveitar esses escritos para conversar um pouco com você. Às vezes estamos tão atarefados com o mundo à nossa volta, que esquecemos de olhar para o nosso próprio interior, esquecemos de viver a nossa própria vida. Gostaria, portanto, que nesse momento, enquanto você corre os olhos pelas palavras aqui escritas, se despojasse de toda e qualquer preocupação. Ao menos por alguns minutos, peço a você que se esqueça do mundo à sua volta, dos problemas do dia-a-dia, das ocupações que lhe tomarão o tempo a seguir. Nesse instante, entregue seu corpo e alma a esse pequeno texto, deixando-o falar com o mais profundo de sua consciência.
Nosso planeta é um lugar muito interessante. Suas formações são de uma beleza tão incrível que se torna quase impossível passar ileso por certos eventos, como um pôr-do-sol, uma noite enluarada, um céu estrelado, um arco-íris que cruza o firmamento. Eu disse quase, pois não é raro que tais acontecimentos passem despercebidos, ignorados.
Hoje em dia, vivendo em nossas cidades de concreto, muitos não são capazes de notar a beleza do lugar onde estamos. Esquecem que mesmo com todas as formas de poluição, com toda a devastação e com todos os edifícios que o "progresso" ergueu perante nossos olhos, a natureza dá ainda seu espetáculo. O pôr-do-sol continua sendo belo, ainda que envolvido por um horizonte cinza. A Lua continua formosa em sua viagem noturna, ainda que o brilho da cidade tente ofuscar sua maravilhosa luz...
Desejo agora que você, meu amigo, pense por alguns instantes e responda sinceramente: quando foi a última vez que foi capaz de se encantar com o brilho das estrelas, com a dança das nuvens e com o olhar radiante das pessoas que por seu caminho passam? Quando foi a última vez que você dirigiu seu olhar ao mundo, e pôde dizer em seu íntimo: "Como é bom estar aqui!"? Quando foi a última vez que você repassou sua vida em pensamento e foi capaz de dizer honestamente: "Eu sou feliz!"?
Vivendo na correria das grandes cidades, tais questionamentos praticamente não têm vez. Enquanto estamos ocupados em acordar cedo, ir ao trabalho, estudar, comer, enfim, sobreviver, deixamos a vida em si passar a nosso lado. Pensamos ingenuamente: "Ah, daqui a pouco eu a alcanço. Trabalho duro agora, mas quando me aposentar vou poder viver muito bem!". E assim prosseguimos adiando a felicidade e deixando de viver a vida em si, passando a viver em função de um futuro.
Pense bem amigo, o que tem feito de sua vida? Nesse exato instante, volte a consciência para o seu dia-a-dia, para a rotina que sucede seu acordar, e responda a essa simples questão: Você é feliz? Não deixe para refletir sobre isso mais tarde, em alguma outra hora. Essa hora já passou, já estamos todos atrasados! É feliz ou não?
Pense sobre o que te move nesse dia-a-dia. O que faz com que você acorde na hora em que acorda, e faça as atividades que faz? O que faz com que você vá ao trabalho, à faculdade, à escola e a todos os outros lugares por onde passa em seu ir-e-vir? E antes que responda: "Porque preciso de dinheiro, preciso pagar as contas, preciso alimentar meus filhos, etc...", pense um pouquinho mais além e questione seu íntimo: "Por que preciso de dinheiro? Por que preciso pagar as contas? Por que preciso trabalhar tanto?". E, por favor, não pare por aí, mas siga além, questionando o porquê de cada resposta, buscando assim a raiz de cada ato por você realizado.
Perceba por você mesmo! Veja o que busca, o que te trouxe a esse planeta, o que fez com que você esteja aqui nesse preciso lugar e nesse exato instante. E se, no final, a única resposta que puder me dar for "para conseguir ser feliz", aí meu amigo, pode ter certeza de que você tem pela frente um grande caminho de reflexão.
Não há dúvidas de que buscamos em nossa convivência diária uma felicidade plena. Enquanto trabalhamos, estudamos, ou seja lá o que fizermos, estamos em busca de conhecimento, dinheiro e oportunidades, os quais poderão suprir as nossas necessidades (se é que essas necessidades são realmente nossas), fazendo assim com que possamos nos sentir bem, ou seja, sermos felizes.
Se o final de tudo isso, se o objetivo de toda essa complexa estrutura de que fazemos parte é sermos felizes, há certamente algo de errado com nosso dia-a-dia. Se deixamos de ser felizes para entrar na correria do mundo cotidiano (correria esta cujo objetivo é no final trazer a felicidade, fazer com que nos sintamos bem), deparamo-nos então com um grande paradoxo: vivemos para sermos felizes, mas abdicamos dessa felicidade para participar de um processo que na verdade busca a felicidade. Há algo errado, não?
Portanto, meu amigo, pense novamente sobre sua vida, sobre o modo como acorda de manhã, sobre o que sente quando vai ao trabalho, à escola ou a qualquer outro lugar.
Se quando o despertador toca você sente vontade de desligá-lo e continuar dormindo. Se em seu peito floresce certo desânimo por ser "obrigado" a mais um dia de trabalho. Se o viver diário não é mais um viver, mas uma obrigação. Então, meu amigo, é hora de rever a sua vida, seus valores, suas motivações.
A felicidade não precisa ser um objetivo distante, mas pode ser fruto do próprio processo. E quando conseguirmos realmente VIVER esse processo, acordando felizes por mais um dia que se faz presente - por podermos trabalhar (entendendo o porquê da escolha pelo trabalho), estudar, aprender, sorrir e viver - não haverá mais preocupação, pois não haverá mais um futuro distante. Viveremos o processo, viveremos o instante, viveremos a própria felicidade. Esta, por sua vez, deixará de representar um mero ideal, passando a ser o próprio caminho.
Para finalizar, deixo aqui algumas palavras de um amigo que disse certa vez: "Aquele que deita o corpo no leito sem se lembrar de agradecer à vida por mais um dia de oportunidades, já é um zumbi antes mesmo de apagar".
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Gustavo Mormesso de Abreu é graduando em psicologia pela Universidade Mackenzie e dedica-se ao estudo de temas ligados à Ciência, Filosofia e Espiritualidade.
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"Somos todos visitantes deste tempo e lugar. Estamos só de passagem. O nosso propósito aqui é observar, aprender, crescer, amar ... e depois voltamos para casa." Provérbio dos aborígines australianos
sábado, 30 de junho de 2012
Reflexão, vida e felicidade
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