segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Paulo Viotti

Água no bojo do corpo Molha a alma, Deixa o espírito torto, Não como curva sem eira, Mas como medo que ao meu ser beira. Água que limpa o céu, E as montanhas do ser, Que gotejo em nossas noite e madrugadas, Qual açucena que nos perfuma desregrada, Procurando o dia, à noite e o amanhecer. Água que é sôfrega quando não dá em seca, Umedece a noite da minha alma, Canta em meus ouvidos doce melodia, Lembrando do sonho de ser um dia, Um ser pleno de paz, alegria e calma. Água que é vida, construção, alimento e morte, Aguai meu ser com a semente da eternidade, Dá-te em carinho e louvor pela felicidade, Traz-me o deliciar do tempo sem lamento, Pois só assim serei homem pleno de sorte. Água salutar ceia do existir, Quanto te magoam, Mas, como mãe provedora da tranqüilidade, Recrias o teu ser da asseidade, Doa-te ao homem em paz, com coração, sem mentir. Água que nasce nas montanhas, Nos brejos, nos mares e nos rios, Que lava o corpo do moço, Delineia o
corpo de moça, Que de tímida que é, por ti faz-se tacanha. Água é como ser com em si se auto-cria, Não como arremedo da imperfeição, Pois quando mata é por culpa da homem, Latente peregrino de seu próprios erros, Só pelo agir inerme como erros em ação. Água como é rara tua beleza de dia, Teu refrescar as impiedades da tarde, Teu elucidar de corpos na noite, Tratando o homem que mata com açoite, Pois vos matar em ato insano e covarde. Água que locupleta de nós a secura, Que desde tempos imemoriais ao homem socorre, Mas na sua plena falta este morre, É hoje jogada aos passeios, carros e alhures, Quando deverias ser usada na cura. Água que traz junto o vento, O cair de terra, homem e árvores, Que cria sulco nas terras desnudas, Levando o infertilidade ao roçado, E o homem que é dono ao lamento. Água elixir da vida e da mocidade, Que molhas o corpo mostrando contorno, Levando o ser ao morticínio da dignidade, A moça ao delírio do alívio, E o moço à doce
insaciedade. Minha doce Água, Rainha serás no porvir, Que garante a alegria do pobre, Que limpa a roupa da vida, Como porte de ouro de orfir. Minha água doce, Ave deveria ser seu nome, Pois se limpa a tudo e a todas, Sem querer que alguém te limpe, Mas manténs no sempre, se sabor agridoce. Minha doce água, a vida, Esparge teu mundo em volta, Tira o homem a sede da revolta, E do Rei a marca da dor, Posto, seres paz, frescor, alimento e amor.
Paulo Viotti, com a ajuda dos amigos espirituais

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