sexta-feira, 22 de março de 2013

O uso do dinheiro, cobrança de eventos Espíritas é investimento em conhecimento
Por Robson Pinheiro -
Pelo que sei, o mestre Allan Kardec nunca falou ou escreveu que seria proibido cobrar por cursos, seminários e workshops. Inclusive era hábito do codificador do espiritismo cobrar a participação dos médiuns nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, pois precisava arcar com as despesas do aluguel do imóvel onde funcionava a instituição (vide o último capítulo de O Livro dos Médiuns), tanto quanto ele vendia o Livro dos Espíritos e utilizava do dinheiro para o seu próprio sustento (vide a Revista Espírita).
Embora alguns companheiros espíritas tenham sérias reservas quanto a cobrar participações em eventos desse tipo, eu, pessoalmente, não me sinto culpado e nem mesmo usado por entidades estranhas ao trabalho. Nos encontros realizados na instituição onde exerço minhas atividades, como o Entre médiuns, cobramos a participação, pois assim podemos cobrir os altos custos com o evento, além de viabilizar nossas obras sociais e educativas — estas, sim, são gratuitas.
Além do mais, em nossa casa espírita (aí sim, na casa espírita), temos diversos cursos gratuitos, numa escola que hoje funciona com 340 alunos que comparecem às aulas semanalmente.
Portanto, não vejo como sinônimo de atuação das trevas ou desvio do caminho do bem a cobrança por workshops, seminários ou eventos semelhantes, aliás, prática compartilhada por alguns expoentes da doutrina espírita, como Divaldo Franco, Adenáuer Novaes, Djalma Argolo e tantos outros, que já deram provas incontestes de sua parceria como o Plano Maior e de seu comprometimento com a mensagem espírita. No entanto todos eles cobram esse tipo de encontro, visando à manutenção das obras sociais de suas casas espíritas.
Quanto aos assuntos tratados nos workshop que realizo, não são absolutamente de propriedade do espiritismo, uma vez que já são tratados em seminários em todo o país por outra instituições e pessoas que não são espíritas. Aliás, o próprio Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, nos esclarece que, quando utilizamos algo que nos pertença e sobre o qual não há a influência dos espíritos de forma direta (Kardec se referia especificamente ao uso do magnetismo), pode-se cobrar por isso, uma vez que se doa aquilo que pertence ao próprio sensitivo. No caso dos cursos que ministro, não se trata de uma prática mediúnica, mas anímica, paranormal e, portanto, de aspecto pessoal, e não transpessoal ou mediúnico. Não há prática mediúnica nesses cursos, portanto não se aplica a eles o conselho de “não vender a mediunidade”, coisa que abominamos — fazemos questão de ressaltar.
Creio que pessoas que se assustam ante a possibilidade de fazer um investimento financeiro num seminário ou qualquer evento pago — com todo o respeito —-têm algo muito mal resolvido quanto ao uso e à aplicação do dinheiro. Conforme dizia um amigo em Uberaba, espiritismo é religião de católico fracassado, que roubou na igreja católica e usou mal o divino patrimônio do espírito e, agora, reencarnado, traz para o movimento espírita seus traumas mal resolvidos, seus dilemas quanto ao mau uso que fizeram das coisas sérias e elevadas.
Além disso, conhecemos os que se recusam a pagar o valor cobrado em um evento desse tipo, mas que não se importam em investir quantia muito maior em uma vestimenta da moda, em um acessório ou mesmo na balada. É claro que cada qual usa seu dinheiro como melhor lhe convém, mas não se pode negar que tal escolha demonstra de forma inequívoca suas preferências e seus valores.
Em nossa casa espírita, em nossas atividades sociais e espirituais, não aprendemos ainda como materializar dinheiro em reuniões mediúnicas. Portanto, prefiro ser honesto, transparente e dizer que estamos abertos às doações para manter nossas crianças, a construção da Clínica Holística e a estrutura da Universidade do Espírito de Minas Gerais — com atendimento gratuito aos beneficiados.
Mas procuramos igualmente esclarecer e formar uma mentalidade entre os nossos trabalhadores de que dinheiro não é pecado, não é errado cobrar e nem é anti-doutrinário. Desde que não se cobre a mediunidade em si, que eu saiba não há nenhuma afirmação do Codificador, nem mesmo uma leve informação que seja, condenando a cobrança de algo que poderá redundar em benefícios para os envolvidos, inclusive para terceiros.
Perdoem-me a prolixidade, mas sinceramente não me vejo inserido entre os exploradores nem entre aqueles que são utilizados "sutilmente" pelas trevas. Creio que precisamos urgentemente rever nossos conceitos e reavaliar nossos projetos e como eles poderão ser viabilizados. Robson Pinheiro

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